Pesquisar
Close this search box.
Pesquisar
Close this search box.

Legalização da Jogatina no Brasil: Uma Aposta Perdida!

A legalização da jogatina trará imensos prejuízos para o Brasil como demonstramos abaixo também nos slides em anexo, em arquivo PDF.

ANTECIPANDO algumas Conclusões:

  • AUMENTO DA ARRECADAÇÃO: muito pequena ou até mesmo perda de arrecadação;
  • CRIAÇÃO DE EMPREGOS: redução líquida de empregos;
  • FOMENTO DO TURISMO: não haverá impacto no turismo internacional. Os jogadores serão brasileiros que deixarão de consumir outros bens e serviços;
  • ACABAR COM A ILEGALIDADE PARA TRIBUTAR: o jogo ilegal continuará ou até aumentar;
  • ALTO CUSTO SOCIAL: Custo de fiscalização e supervisão, canibalização de outras atividades econômicas;
  • AUMENTO DAS TAXAS DE CRIME COM AUMENTO DE GASTOS COM COMBATE AO CRIME E DO SISTEMAS JUDICIÁRIO:
    • Lavagem de dinheiro e crime organizado;
    • Crimes de oportunidade;
    • Relacionados à ludopatia.
  • PERDAS SOCIAIS/ECONÔMICAS devido à ludopatia.
ESCLARECENDO EM DETALHES O QUANTO IREMOS PERDER COM A LEGALIZAÇÃO DOS JOGOS DE AZAR NO BRASIL:

Estimativas sérias apontam, nos Estados Unidos, um custo de U$3 por cada US$1 de benefício.

A legalização da jogatina gerará lucros enormes para a indústria de jogos e socializará imensos custos para a sociedade brasileira.

Os proponentes afirmam que os jogos movimentarão R$ 74 bilhões (1% do PIB). Com uma alíquota tributária de 30%, a arrecadação seria de R$ 22,2 bilhões em impostos. Esse número é enganoso.

Atualmente os jogos já movimentam R$ 27,1 bilhões (0,36% do PIB), sendo R$ 17,1 bilhões das loterias federais e R$ 9,9 bilhões em jogos ilegais segundo os próprios proponentes da legalização.

Para chegar ao potencial dos R$ 74 bilhões, R$ 47 bilhões adicionais deixariam de ser gastos em outras atividades econômicas e passariam para o setor de jogos.

Atualmente o governo arrecada cerca de R$ 20,83 bilhões com impostos sobre os R$74 bilhões que iriam para os jogos:

R$ 8,1 bilhões com as loterias, R$ 1 bilhão com os jogos ilegais (10% de carga tributária sobre os custos do jogo ilegal como ICMS sobre os gastos dos empregados do jogo) e R$ 11,7 bilhões com impostos sobre os 47 bilhões adicionais que iriam para o jogo (hipótese conservadora de 25% de carga tributária).

Neste cenário a arrecadação adicional seria de R$ 1,37 bilhões. Número bastante inferior aos $22,2 bilhões anunciados pelos proponentes.

Outros cenários apontam resultados piores:

  • Se a movimentação do jogo ficar em 0,8% do PIB (como nos Estados Unidos), a arrecadação adicional seria de R$ 630 milhões
  • Se ficar abaixo de 0,6% do PIB, haveria uma perda de R$ 110 milhões na arrecadação
  • Qualquer alíquota abaixo de 29% resultaria em perda de arrecadação

Por exemplo: uma movimentação de 1% do PIB e uma alíquota de 25% resultaria em uma perda de R$ 2,23 bilhões comparada à arrecadação atual.

Os proponentes argumentam que a legalização de todas as modalidades de jogos, movimentando R$ 74 bilhões, criará 200 mil novos empregos e formalizará outros 450 mil, totalizando 650 mil empregos.

Este número representa do volume formal do emprego em dezembro de 2019 (Fonte: CAGED):

  • 1,7% do emprego formal privado do país;
  • Mais 300% do total de emprego da indústria extrativa;
  • 50% maior do que o emprego das atividades de geração e distribuição de energia, fornecimento de gás, serviços ambientais de água, esgoto e gestão de resíduos;
  • 32% do emprego da construção civil.

A economia brasileira, movimentando R$7,4 trilhões (PIB), cria 86,2 milhões de ocupações. Com a legalização da jogatina, R$ 74 bilhões seria transferido da economia do país para o setor do jogo. Estes R$ 74 bilhões sustenta atualmente, em média, 862 mil posições. Desta forma, haveria uma perda líquida de 212 mil empregos. Mesmo não incluindo a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas, haveria uma redução líquida de 144 mil ocupações.

Os empregos do setor de jogos são de baixa qualidade e baixo salário. As estimativas feitas pelo Ministério do Trabalho Americano (Maio 2020 National Occupational Employment and Wage Estimates), incluindo 1.323 ocupações diferentes, mostrava que a média salarial anual da indústria dos jogos (US$ 33.757) era 40% menor que a média de US$ 56.011 para todas as ocupações. Adicionalmente, 97,6% dos empregos na indústria dos jogos estava entre os 13% dos salários mais baixos nos EUA. Ou seja, 87% das posições de trabalho nos Estados Unidos pagam mais que 97,6% dos trabalhos na indústria do jogo.

Os proponentes afirmam que a legalização da jogatina atrairá turistas estrangeiros. Estrangeiros visitam o Brasil por suas belezas naturais, hospitalidade e cultura. O jogo não representará nenhum atrativo especial. Nenhum estrangeiro acordará um dia e pensará: “Estou com vontade de jogar. Vou ao Brasil”. A maioria pode jogar em seus próprios países e se forem viajar para jogar as opções são muitas, desde Las Vegas, Atlantic City, Monte Carlo, Macau, mais próximas. Com raras exceções, como as listadas acima, legalização dos jogos não atrai turistas.

Os proponentes citam a África do Sul e Portugal como exemplos do jogo como atração de turistas estrangeiros. Um representante da indústria americana disse na Câmera dos Deputados: “número de turistas aumentou de 5 milhões em 1990 para 13 milhões em 2012 na África do Sul”.  Estes números são enganosos. A legalização dos jogos aconteceu em 1996 e o grande crescimento do turismo estrangeiro na África do Sul aconteceu até 1995 como mostram as estatísticas abaixo.

  • Entre 1985 e 1990: aumento de 41%;
  • Entre 1990 e 1995: aumento de 355%;
  • Entre 1995 e 2000: aumento de 28%.

As razões do aumento entre 1990 e 1995 foram a saída de Mandela da prisão em 1990, o fim das sanções contra o país em 1992, a eleição de Mandela para presidente em 1994 e a Copa mundial de Rúgbi em1995. Após a legalização, o crescimento foi muito menor, até mesmo abaixo do crescimento anterior a 1990.

Portugal atrai grande contingentes de turistas por estar dentro da Europa, com uma boa infraestrutura turística, com belezas naturais como suas praias, com sua história e arquitetura. A maioria dos turistas são espanhóis (25,6%), Reino Unido (17,2%), França (14,7%) e Alemanha (8,5%). Os espanhóis representam 74,0% das chegadas de excursionistas a Portugal. Todos estes países têm jogo legalizado. A proximidade destes países com Portugal impacta substancialmente a opção pelo destino turístico, não a existência de cassinos.

Entre 1995 e 2019, o número de turistas estrangeiros cresceu 122% no mundo, 81% em Portugal, 216% na África do Sul e 219% no Brasil. Em outras palavras, sem cassinos o turismo estrangeiro no Brasil cresceu mais que os exemplos citados pelos proponentes.

O relatório da LAS VEGAS CONVENTION AND VISITORS AUTHORITY, aponta que, em 2019, 86% dos visitantes de Las Vegas eram americanos (18% do sul da Califórnia e 68% do resto dos Estados Unidos) e 14% de outros países. De todos os visitantes estrangeiros, apenas 4% disseram que o motivo da viagem era jogar, a maioria apontava outras razoes para a visita. Adicionalmente, jogam menos tempo por dia enquanto estão em Las Vegas (54 minutos) comparado às 3,6 horas dos visitantes do sul da Califórnia e às 2,8 horas dos outros americanos. Os estrangeiros que jogam orçam $277 dólares para toda a viagem, menos do que os visitantes do sul da Califórnia ($658) e outros americanos (R$635). Considerando todos os fatores estima-se que das receitas dos cassinos que vem de visitantes, apenas 4% são de estrangeiros contra 96% de americanos. Em síntese, falando da meca dos jogos, a receita dos jogos vem da população do país onde estão localizados.

A população local sempre joga uma proporção maior de sua renda que visitantes. “O jogo está tão enraizado na vida [local]”, diz Beynon. “O adulto americano médio perde cerca de US$ 300 por ano jogando. Em Las Vegas, essa média é de cerca de US$ 1.000 por pessoa e está se mantendo em nossa atual recessão.” Chad Beynon, analista da Macquarie Capital.

Não será diferente com o Brasil.

Os proponentes argumentam que já existe jogo ilegal no Brasil. O melhor caminho seria legalizar e tributar. Subentende-se que ao legalizar, o jogo ilegal desapareceria. Este argumento é falacioso.

Ao legalizar o jogo, pessoas que nunca frequentaram uma casa de jogos podem se sentir mais confortáveis para visitar um local legalizado. No entanto, se gostarem irão procurar estabelecimentos mais próximos de suas residências e estes podem ser ilegais. Pequenos operadores de jogos continuarão a operar ilegalmente ou por não se enquadrarem nos critérios da legalização ou para fugir da tributação.

Legalização não significa fim das atividades ilegais. Em vários locais, como o Texas, o jogo ilegal aumentou depois do estabelecimento do jogo legal. A Associação Americana do Jogo, em seu relatório Estado dos Estados 2020, escreve que “cassinos comerciais e tribais operam de forma muito diferente do mercado ainda vultoso do jogo ilegal predominante em muitos estados. Em 2019, vários estados lutaram para conter uma rápida proliferação de dispositivos de jogos ilegais em bares, lojas de conveniência e outros locais”.

A página do FBI tem centenas de ações contra o jogo ilegal, em geral ligados ao crime organizado. Por exemplo, Vito Difalco, também conhecido como “Victor” e “A Máscara”, um membro da família mafiosa Colombo ganhou lucros ilegais através de seu negócio de jogo, que incluía apostas esportivas ilegais e máquinas de jogo de vídeo, usando um negócio legítimo – um bar chamado Tryst que ele operava – para facilitar sua atividade criminosa e limitar a detecção pela polícia. Especificamente, ele usou o bar para operar e promover seus negócios ilegais de jogo.

Se legalizar implicasse no fim da atividade ilegal, o mercado de cigarros não incluiria vendas ilegais do produto no país. A Anvisa publicou em 2019 uma lista com 90 marcas de cigarro comercializadas irregularmente. O Instituto Nacional do Câncer estimava, em 2017, que 38,5% do total de cigarros consumidos no Brasil eram ilegais.

A legalização não acabará com o jogo ilegal. Muito provavelmente vai ampliar o mercado ilegal dos jogos.

A legalização da jogatina virá com uma conta alta para o governo e a sociedade brasileira.

Movimentação de grandes volumes de dinheiro requer supervisão e fiscalização forte com alto custo para o poder público.

Gastos de implantação de todos os sistemas de segurança, supervisão, desenvolvimento de processos e estruturas físicas.

Gastos de montar e manter equipe de fiscalização e supervisão, treinamento amplo e adequado para fazer frente aos desafios de uma atividade ainda não existente.

Várias instituições teriam que ser envolvidas neste processo: Ministério Público federal, Receita Federal, Polícia Federal, Policias Civis e Militares dos estados, Ministérios Públicos estaduais, entre outros.

O consumidor tem autonomia e liberdade de alocar seus recursos de acordo com suas preferências. O consumidor faz escolhas. Pode preferir gastar seus recursos em uma ida ao restaurante, a um show, comprar um tênis, apostar em uma loteria, comprar um celular, etc.

Quando um consumidor transfere seus gastos de um setor da economia para outro, um setor ganha e outro perde.

Se o consumidor deixa de consumir um bem com alta alíquota tributária e substitui seu consumo para um bem com baixa alíquota tributária, a arrecadação cai.

Legalização do jogo: demanda por outras atividades econômicas reduz e o governo perde arrecadação associada àquelas atividades e ganhará arrecadação associada aos jogos.

Evidência na literatura: abertura de cassinos impacta negativamente alguns setores específicos como restaurantes, bares, shows, etc. especialmente se próximos do local de jogo. Consumidores deixam de gastar em vários outros setores resultando em perda de receita e empregos para estes setores.

Esta canibalização resulta:  Aumento de arrecadação pequena ou até perda (dependendo de alíquota) e perda de emprego.

Três tipos de crime são associados ao jogo: lavagem de dinheiro, em sua maioria pelo crime organizado; crime de oportunidade dado as condições favoráveis para criminosos atuarem em regiões onde as pessoas estão aglomeradas, com dinheiro vivo e distraídas (ao redor de cassinos, por exemplo) e crimes ligados aos jogadores compulsivos (ludopatia).

A página do FBI lista centenas de ações contra o jogo ilegal que permanecem apesar da legalização e ligados, quase sempre, ao crime organizado.

Uma destas ações descreve que, durante uma chamada interceptada, um criminoso preso pela operação do FBI (Stroj) discutiu a renda do jogo e como lavá-lo através de um cassino: “Palomar é a melhor maneira de lavar o dinheiro. Não tenho que registrar. Eu só deposito no Palomar e não há problemas para mim.” Em outra ligação, Stroj disse: “Entre você e eu, a melhor maneira de lavar dinheiro, você faz isso através desses cassinos locais em San Diego… é assim que, se alguém me deve um 100 ($100.000) e eles querem transferir para mim, eu faço transferência para o Palomar e deixa na minha conta de jogador e eles me dão fichas”. – página do FBI – dezembro de 2015

“Esses cassinos supostamente envolvidos em esquemas de lavagem de dinheiro e jogos ilegais que minam o bem-estar de nossas comunidades”, disse a procuradora-geral Kamala D. Harris (hoje vice-presidente dos Estados Unidos).  Os clientes de apostas fariam cheques para os cassinos como Palomar e o Village Club, ou os cassinos Wynn e Bellagio em Las Vegas, e os fundos seriam depositados em contas bancárias de apontadores ou jogadores, segundo registros judiciais.

Em outra operação, o criminoso Wang vendeu moeda forte em dólares americanos.  Seus clientes eram tipicamente indivíduos com contas bancárias na China que não podiam acessar facilmente dinheiro nos Estados Unidos.  Muitas vezes esses clientes precisavam do dinheiro para jogar nos cassinos em Las Vegas e em outros lugares. Como parte de uma transação típica de troca de dinheiro, Wang foi apresentado a seus clientes por um host de cassino cujo trabalho era facilitar o jogo desse cliente em um determinado cassino.  O cliente então usou a moeda americana para jogar.

Em mais um exemplo, quatorze homens são acusados de participar em um sofisticado grupo de apostas que usou o Lucky Lady Casino e Sala de Jogos em El Cajon Boulevard como uma fachada legítima para a operação ilícita. “Este caso é um exemplo clássico de como um negócio legítimo pode ser infiltrado e usado para facilitar a atividade criminosa por membros de uma empresa criminosa”, disse o agente especial do FBI, Eric S. Birnbaum.

As duas tabelas abaixo apresentam taxas de crime comparativas entre Las Vegas, o estado de Nevada e os Estados Unidos como um todo, na primeira e entre Las Vegas e as regiões metropolitanas de população semelhantes, na segunda tabela.

Sintomas da Ludopatia:  Jogadores compulsivos muitas vezes sentem vergonha e tentam evitar que outras pessoas saibam sobre seu problema. A Associação Americana de Psiquiatria define o jogo patológico como tendo 5 ou mais dos seguintes sintomas:

  • Comete crimes para conseguir dinheiro para jogar.
  • Sente-se inquieto ou irritado ao tentar cortar ou parar de jogar.
  • Joga para escapar de problemas ou sentimento de tristeza ou ansiedade.
  • Aposta quantias maiores de dinheiro para tentar recuperar perdas passadas.
  • Perde emprego, relacionamento, oportunidades de educação e carreira devido ao jogo.
  • Mente sobre a quantidade de tempo ou dinheiro gasto jogando.
  • Faz muitas tentativas malsucedidas de cortar ou parar de jogar.
  • Precisa pedir dinheiro emprestado devido a perdas de jogo.
  • Precisa apostar quantias maiores de dinheiro para sentir excitação.
  • Passa muito tempo pensando em jogo, como lembrar experiências passadas ou maneiras de conseguir mais dinheiro com o qual jogar.

No momento em que a maioria dos jogadores compulsivos procuram ajuda, eles estão extremamente endividados, devendo US $ 120.000 ou mais, e suas famílias estão em uma situação de desastre. Cerca de 80% consideraram seriamente suicidar (outros estudos indicam entre 50 e 80%, sendo 5% a taxa entre toda população), e 13 a 20% realmente tentam ou conseguem se matar (0,6% entre toda população). Jane E. Brody, “Jogo Compulsivo: Vício Negligenciado”, New York Times, 4 de maio de 1999, p. D7.

Três estudos de jogadores anônimos e pessoas em tratamento para jogo compulsivo determinaram que cerca de dois terços admitiram cometer crimes ou fraude para financiar seu vício ou pagar dívidas relacionadas ao jogo. Os crimes de fraude, peculato, falsificação e evasão fiscal predominam entre aqueles cujo emprego e status econômico apresentam a oportunidade para tais crimes. H. Lesieur & R. Rosenthal (1991). Pathological gambling: A review of the literature. Journal of Gambling Studies, 7, 5-40.  Veterans Administration and Gamblers Anonymous sample is from R. Nora (1984, December). Profile survey on pathological gamblers. Paper presented at the Sixth Annual Conference on Gambling and Risk Taking, Atlantic City, W. R. Eadington (Ed.), Gambling research: Proceedings of the Seventh International Conference on Gambling and Risk Taking, (Reno, NV: Bureau of Business and Economic Research, University of Nevada-Reno).

Outro estudo se concentrou em como o problema do jogo afeta o setor de seguros. Descobriu-se que em um grupo de 241 jogadores anônimos, 47% admitiram ter se envolvido em alguma forma de fraude de seguro, desfalque ou incêndio criminosoH. Lesieur & K. Puig (1987). Insurance problems and pathological gambling. Journal of Gambling Behavior, 3, 123-136.

Um exemplo da página do FBI. A ex-prefeita de San Diego, Maureen O’Connor, reconheceu ter desviado milhões de dólares da fundação de caridade de seu falecido marido. O’Connor concordou em receber tratamento para seu vício em jogo. Entre 2000 e 2009, ela experimentou grande perda líquida em vários cassinos em Las Vegas, Atlantic City e San Diego, incorrendo em grandes dívidas de jogo. Para continuar jogando ela liquidou suas economias, vendeu numerosas propriedades imobiliárias e leiloou itens pessoais valiosos. Em setembro de 2008 ela recorreu aos ativos da Fundação para pagar suas dívidas pendentes e continuar seu jogo de alto risco. Entre setembro de 2008 e março de 2009, ela desviou mais de US$ 2.088.000 da fundação. Sua apropriação indevida de fundos privou a Fundação de seus ativos restantes e a deixou completamente falida.

Apesar dos ludopatas representarem apenas uma minoria de jogadores e uma parte quase insignificante da população de qualquer país, eles representam uma parcela significativa da receita do jogo: 40,2% na França, 31,6% em Québec e 32% na Alemanha. Se distinguirmos por forma de jogo, essa participação aumenta até 76,3% para máquinas caça-níqueis em Québec e 76,1% para jogos de mesa na França. Portanto, é improvável que os incentivos financeiros dos operadores estejam bem alinhados com os esforços responsáveis de jogo que visam reduzir tanto o número de jogadores problemáticos quanto seus gastos. Fiedler, Ingo, Kairouz, Sylvia, Costes, Jean-Michel, & Weißmüller, Kristina S. (2019). Gambling spending and its concentration on problem gamblers. Journal of Business Research98 (5), 82-91

As evidências sugerem o número de jogadores problemáticos triplica ou mesmo quadruplica com mais prevalência dos cassinos. Pessoas que vivem perto de um cassino têm duas vezes mais chances de se tornarem jogadores problemáticos do que pessoas que vivem a mais de 16 km de distância. Embora a indústria de jogos argumente que o número total de jogadores problemáticos permanece pequeno, essa pequena minoria é crucial para os lucros da indústria: um estudo canadense descobriu que 75% dos clientes de cassinos que jogam mais casualmente fornecem apenas 4% das receitas dos cassinos.

Uma série de estudos revisados pelo Instituto de Valores Americanos (IVA) resultou em uma estimativa que entre 40 a 60% das receitas dos cassinos são obtidas de jogadores problemáticos. Amy Zietlow observou, em um importante estudo encomendado pelo IVA, que esses jogadores problemáticos são cada vez mais extraídos das fileiras dos idosos vulneráveis. Metade dos visitantes do cassino tem mais de 50 anos, mas os cassinos fazem marketing para o mercado com mais de 70 anos e até mesmo mais de 80, para quem o jogo oferece uma fuga do tédio e da solidão em uma zona hipnótica de estímulos eletrônicos.

De uma reportagem sobre os problemas de um cassino recém-inaugurado em Ohio: Ameet Patel, gerente geral da propriedade, diz que a redução na receita do cassino que ele e outros operadores viram foi impulsionada por um grupo demográfico chave: mulheres com mais de 50 anos que costumavam apostar de US$ 50 a US$ 75 por visita.

Em artigo de opinião no New York Times, em outubro de 2013, intitulado “Máquinas caça-níqueis são projetadas para viciar”, Natasha Dow Schüll, professora adjunta no Programa de Ciência, Tecnologia e Sociedade no Massachusetts Institute of Technology e autora de “Addiction by Design: Machine Gambling in Las Vegas”, escreveu que “estudos de um psiquiatra da Universidade Brown, Robert Breen, descobriram que indivíduos que jogam regularmente caça-níqueis tornam-se viciados três a quatro vezes mais rápido (em um ano, contra três anos e meio) do que aqueles que jogam cartas ou apostam em esportes. Os chamados jogadores problemáticos são conhecidos por contribuir com uma porcentagem grosseiramente desproporcional das receitas das máquinas caça-níqueis – 30 a 60%, de acordo com uma série de estudos encomendados pelo governo nos Estados Unidos, Canadá e Austrália. Como explica o psicólogo Mark Dickerson, a máquina caça-níqueis moderna “corroe a capacidade do jogador de manter uma sequência de escolhas informadas e racionais sobre a compra do próximo jogo oferecido”.

O impacto dos cassinos nos valores dos imóveis vizinhos é “inequivocamente negativo”, segundo os economistas da Associação Nacional de Corretores de Imóveis dos Estados Unidos. Os cassinos não incentivam as outras empresas não-gamers a abrir nas proximidades, porque as pessoas que mais frequentemente visitam cassinos não saem para visitar outras lojas e empresas. Um cassino não é como um cinema ou um estádio de esportes, oferecendo uma diversão limitada. Ele foi projetado para ser um ambiente que absorve tudo que não libera seus clientes até que eles tenham esgotado seu dinheiro. David Frum is a staff writer at The Atlantic and the author of Trumpocalypse: Restoring American Democracy (2020). In 2001 and 2002, he was a speechwriter for President George W. Bush.

O Conselho editorial do “The Philadelphia Inquirer”,em 2019, escreveu que “ao contrário de Las Vegas, que pelo menos diversificou sua economia e atrai turistas e convenções, os 12 cassinos da Pensilvânia atendem principalmente a apostadores baixos locais e repetem jogadores que frequentam cassinos da área até 200 vezes por ano. Sem turistas para trazer novos gastos, os cassinos de conveniência dependem dos locais para sobreviver”. E afirmava que “há pouca consideração pelo impacto sobre os indivíduos. Este é um erro quando a pesquisadora do MIT Natasha Schull descobriu que as máquinas caça-níqueis modernas são projetadas para viciados em jogadores e levá-los a “jogar até a extinção”. Estudos descobriram que os jogadores problemáticos contribuem de 30 a 60% das receitas de caça-níqueis. Como tal, os cassinos precisam de jogadores problemáticos. Na melhor das hipóteses, os cassinos mudam os gastos de outros negócios, como restaurantes, cinemas e locais de entretenimento ao vivo. Na pior das hipóteses, os cassinos permitem que viciados em jogos de azar e levem a mais desigualdade e danos sociais, incluindo crime, falência, suicídio e um impacto negativo nos preços das casas. A Comissão Nacional de Estudos de Impacto do Jogo descobriu que ter um cassino dentro de 80 km de sua casa dobra a probabilidade de se tornar um jogador problemático”.

Aumento da arrecadação: muito pequena ou até mesmo perda de arrecadação.

Criação de Empregos: redução líquida de empregos.

Fomento do Turismo: não haverá impacto no turismo internacional. Os jogadores serão brasileiros que deixarão de consumir outros bens e serviços.

Acabar com a ilegalidade para tributar: o jogo ilegal continuará ou até aumentar.

Alto Custo Social: Custo de fiscalização e supervisão, canibalização de outras atividades econômicas.

Aumento das taxas de crime com aumento de gastos com combate ao crime e do sistemas judiciário:

Lavagem de dinheiro e crime organizado

Crimes de oportunidade

Relacionados à ludopatia

Perdas sociais/econômicas devido à ludopatia

Estimativas sérias apontam, nos Estados Unidos, um custo de U$3 por cada US$1 de benefício.

A legalização da jogatina gerará lucros enormes para a indústria de jogos e socializará imensos custos para a sociedade brasileira.

VEJA APRESENTAÇÃO EM SLIDE – DISPONÍVEL PARA DOWNLOAD:

Deixe seu comentário