O número de diagnósticos de esquizofrenia associados ao transtorno por uso de cannabis triplicou nos últimos 17 anos, evidenciando os riscos severos do consumo da droga para a saúde mental. O presente artigo analisa os achados de um estudo recente que demonstrou essa relação alarmante e discute as consequências desse crescimento para a saúde pública e para políticas de controle de drogas. A escalada de casos reforça que medidas permissivas em relação à cannabis podem ter impactos devastadores, principalmente entre jovens, aumentando a vulnerabilidade da população ao desenvolvimento de transtornos psiquiátricos graves.
1. Introdução
O consumo de cannabis tem sido promovido por discursos que minimizam seus riscos, frequentemente ignorando evidências científicas sólidas sobre suas consequências para a saúde mental. No entanto, um estudo recente revelou uma triplicação no número de casos de esquizofrenia associados ao transtorno por uso de cannabis (TUC) ao longo dos últimos 17 anos, confirmando os alertas de especialistas sobre os perigos do uso frequente e abusivo da droga.
O crescimento exponencial desse problema é um reflexo direto da maior disponibilidade e aceitação da cannabis na sociedade, especialmente em países que adotaram políticas de descriminalização ou legalização. O estudo analisado evidencia que a permissividade estatal em relação à maconha pode estar alimentando uma crise psiquiátrica, impactando especialmente jovens do sexo masculino, grupo mais vulnerável a transtornos psicóticos desencadeados pelo uso da substância.
2. Metodologia do estudo
A pesquisa utilizou dados epidemiológicos coletados ao longo de 17 anos, analisando a correlação entre diagnósticos de esquizofrenia e histórico de consumo abusivo de cannabis. O estudo focou na progressão do problema, identificando um crescimento contínuo e acelerado de casos relacionados ao uso da droga. Entre os fatores analisados, destacam-se:
- Faixa etária dos pacientes diagnosticados;
- Frequência e intensidade do consumo de cannabis;
- Teor de tetrahidrocanabinol (THC) presente nas amostras analisadas;
- Impacto das políticas de legalização e descriminalização no aumento do consumo.
3. Resultados
Os dados são alarmantes e demonstram que:
- O número de diagnósticos de esquizofrenia relacionados ao transtorno por uso de cannabis aumentou quase 300% em 17 anos.
- Jovens do sexo masculino foram os mais afetados, refletindo o padrão de maior consumo da substância entre esse grupo.
- A potência da cannabis utilizada aumentou significativamente, com variedades contendo níveis elevados de THC, que possuem maior potencial de indução a surtos psicóticos.
- A correlação entre uso frequente de cannabis e desenvolvimento de esquizofrenia foi reforçada, alinhando-se a outros estudos que apontam essa relação como causal em muitos casos.
Esses achados desmontam a narrativa de que a cannabis é uma substância inofensiva e expõem as consequências trágicas da normalização do seu uso, especialmente entre adolescentes e jovens adultos.
Conforme demonstrado na pesquisa de Myran et al. (2025), a proporção de casos de esquizofrenia associados ao transtorno por uso de cannabis quase triplicou após a legalização da substância no Canadá (Figura 1).
4. Discussão
O crescimento acelerado da esquizofrenia associada ao consumo de cannabis exige um alerta urgente para a sociedade e os tomadores de decisão. Nos últimos anos, discursos pró-legalização têm se baseado na premissa equivocada de que a liberação da droga reduziria problemas de saúde pública. No entanto, as evidências apontam o contrário: quanto mais acessível a cannabis, maior o impacto negativo para a população.
Além disso, experiências internacionais reforçam essa relação. No Uruguai, primeiro país a legalizar completamente a maconha, a prevalência de consumo aumentou drasticamente, reduzindo a percepção de risco entre os jovens. Nos Estados Unidos, estados que legalizaram a cannabis relataram um aumento na incidência de transtornos psiquiátricos e na procura por atendimentos médicos relacionados ao uso da substância.
Esses dados indicam que o caminho da legalização e da flexibilização das políticas sobre drogas é um erro estratégico. A adoção de medidas mais rígidas, campanhas educativas sobre os riscos da cannabis e o fortalecimento de políticas de prevenção ao consumo são essenciais para conter essa epidemia silenciosa de transtornos psiquiátricos.
5. Conclusão
A triplicação dos casos de esquizofrenia relacionados ao transtorno por uso de cannabis nos últimos 17 anos expõe uma realidade negligenciada pelos defensores da liberação da droga: o impacto devastador da cannabis sobre a saúde mental. O estudo analisado deixa claro que medidas permissivas e a normalização do consumo têm um custo alto para a sociedade, principalmente para os mais jovens.
Diante desse cenário, políticas públicas precisam ser reavaliadas para fortalecer a prevenção, a fiscalização e o combate ao consumo da substância, evitando que mais indivíduos desenvolvam transtornos psiquiátricos irreversíveis. A adoção de uma postura rigorosa contra a liberação da cannabis não é uma questão ideológica, mas uma necessidade de saúde pública baseada em evidências científicas robustas.
Rolf Hartmann, presidente da Cruz Azul no Brasil
2025-02-06.
Referências
- ESTUDO ORIGINAL: Cases of schizophrenia linked to cannabis use disorder have almost tripled over the past 17 years.
- BRASIL. Ministério da Cidadania. Os riscos do uso da maconha e de sua legalização. Brasília, 2022.
- HARTMANN, Rolf. Legalização e impacto no consumo de cannabis. 2024.
- The Legalization of Marijuana in Colorado: The Impact – PMC.
