No princípio era Francis Murphy. É verdade? Não seria antes Louis-Lucien Rochart?
Não, no princípio não. Francis Murphy iniciou o movimento da Fita Azul nos Estados Unidos, no princípio dos anos de 1870. Depois o movimento propagou-se pela Inglaterra, e foi em Londres, que o Pr. Louis Lucien Rochart ouvira falar dele. Mais tarde Rochart regressou à Suíça com a ideia de que para ajudarem os alcoólicos os cristãos deveriam tornar-se abstêmios.
Nos primeiros quatros anos, os Suíços que se juntaram a Rochart, usavam uma fita azul como sinal de abstinência, fita essa que depois é substituída por uma Cruz Azul. A ideia de usar uma fita azul foi tirada da Bíblia, baseada na passagem de Números 15.37-41: “O Senhor disse a Moisés: Diga o seguinte aos israelitas: Façam borlas (uma espécie de enfeite) nas extremidades das suas roupas e ponham um cordão (fita) azul em cada uma delas; façam isso por todas as suas gerações. Quando virem essas borlas vocês se lembrarão de todos os mandamentos do Senhor, para que lhes obedeçam e não se prostituam nem sigam as inclinações do seu coração e dos seus olhos. Assim vocês se lembrarão de obedecer a todos os meus mandamentos, e para o seu Deus vocês serão um povo consagrado. Eu sou o Senhor, o seu Deus, que os trouxe do Egito para ser o Deus de vocês. Eu sou o Senhor, o seu Deus”. (NVI)
Murphy fundou o NCTU e começou a prática de dar fitas azuis aos signatários enquanto estava em Pittsburgh em 1876-1877. Cortesia da Temperance Pledge Collection, The Newberry Library, Chicago.
Francis Murphy adaptou a ideia de fita azul como sinal de adesão ao ideal cristão e ao compromisso de abstinência ao uso de bebidas alcoólicas. Durante sua vida 12 milhões de americanos assumiram um compromisso de abstinência!
Quem era Francis Murphy?
Nasceu em Tagoat, Irlanda, em 1836, filho de um lavrador pobre que faleceu antes do seu nascimento. Com 16 anos emigrou para os Estados Unidos onde teve diversos empregos. Durante três anos participou na Guerra Civil. Em 1865 comprou um hotel em Portland, no Maine, onde viveu com a sua esposa e os seus sete filhos.
Continuando com os hábitos de beber que adquirira na sua juventude, tornou-se um alcoólico. Em 1879 foi condenado por desordem numa taberna, enquanto sob os efeitos do álcool. Converteu-se na prisão, e depois disso assinou um compromisso de abstinência.
Decide então ajudar outros alcoólicos, com a ajuda de Deus. Começou a dar testemunho e recebeu respostas entusiásticas. Após suas efusivas palestras as pessoas assinavam um compromisso de abstinência ou um termo de “temperança evangélica,” como ele chamava. Durante a sua vida realizou e presidiu a milhares de reuniões.
Visitou a Irlanda, Inglaterra, Canadá, Austrália e Havaí realizando intensas e grandiosas campanhas chamando o povo à abstinência de qualquer tipo de bebidas alcoólicas.
Veio a falecer em 1907.
Murphy, promessas de água e temperança em mãos, dispersa os donos de bares enquanto se muda de Pittsburgh para Los Angeles.
Cortesia do Los Angeles Herald, 3 de abril de 1902.
O sucesso de Murphy residia no charme da sua personalidade. Ele era simples e sincero. A sua eloquência era natural. Fez um uso claro da sua experiência pessoal dos seus sentimentos. A fraqueza da sua organização não permitiu que o movimento durasse. Entretanto, através da Inglaterra, atingiu a Suíça e a Suécia, onde ainda hoje existem várias organizações e movimentos de abstinência que usam uma fita azul
como identificação.
Em 1994, durante o verão, alguns amigos suecos da Fita Azul visitaram o lugar de nascimento de Murphy, na cidade de Tagoat, Irlanda. Não encontraram muitos sinais de Francis; apenas um sacerdote, o padre Matthias Blynn, ouvira falar dele. Na oportunidade o pároco compartilhou com os visitantes um pouco da história daquela região irlandesa, ou seja, dos sérios momentos de fome e da imigração dos habitantes locais para outras regiões da Europa, nos anos 1840-1850, e dos quais certamente a família de Murphy também havia passado.
Durante a visita do pessoal da Fita Azul da Suécia, na cidade natal de Murphy, eles observaram que num bar local havia vários cartazes anunciando os benefícios de uma cerveja forte chamada “Murphy´s”. A partir de tal observação a reflexão que ficou foi de que ainda hoje na Irlanda – em muitos lugares do mundo – há lugar e muito serviço para os sucessores e seguidores de “ FRANCIS MURPHY”!
Atualmente, existem alguns trabalhos da Associação de abstinência Fita Azul na Europa e EUA. Eles têm um estreito relacionamento e parceria de trabalho com a Cruz Azul Internacional (https://internationalbluecross.org/).
