Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho com cancro, diabetes ou HIV.
Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho que serve o seu país no estrangeiro com honra.
Ser mãe de um adicto não é a mesma coisa que ser mãe de um filho que já não vive em casa, pelo qual é chorado e lembrado todos os dias, pelos seus entes queridos.
Não existem maratonas, campanhas de angariação de fundos ou campanhas de sensibilização com pessoas bonitas e famosas sobre os efeitos trágicos desta doença.
Não existem bandeiras hasteadas ou pulseiras coloridas que sirvam para reconhecer, orgulhosamente, as ações do filho adicto.
Só existem lagrimas, gritos silenciosos e angústia quando alguém bater à porta ou através de uma chamada telefônica trazendo uma notícia trágica de algo que possa ter acontecido com seu filho.
Essa mãe, vê o filho todos os dias, mas não está feliz, embora ache, com uma certa dose de alívio, que a melhor maneira de o ajudar, não é querer controlar, pelo contrário, é deixar que ele tenha a sua própria vida e aprenda com as consequências das suas decisões.
Quando ouve aquilo que ele diz, antecipa com medo e preocupação o futuro do filho, e apesar de tudo, ainda tem uma réstia de esperança…
Quando olha para seu filho, questionando-se se algum dia irá voltar a ter uma relação de confiança com ele, abraçá-lo ou em último caso, se irá voltar a vê-lo outra vez.
Dizem que a culpa não é dela, que não fizeram nada de errado e que são impotentes.
Essas mães assistem impotentes, ao sofrimento e ao remorso da família, conforme a doença progride e agrava cada dia que passa. Ela vê os noticiários da noite e estremece quando se vê na mesma situação, das outras mães, sobre os seus filhos dependentes de drogas, os quais são presos pela polícia e considerados a escória da sociedade.
Observa um jovem dependente de drogas a bradar aos céus, implorando por mudar de estilo de vida ou a pedir comida e, imediatamente, lembra que o seu filho também pode estar na mesma situação que ele.
Olha para as fotografias dele, quando era criança e recorda os seus sorrisos, abraços, os beijos, os joelhos esfarrapados e os jogos de futebol…
Recorda os seus planos, os seus objetivos, as aspirações e os seus sonhos…
Anseia que o seu filho volte para casa, que ligue …que encontre a força para travar esta terrível doença…anseia por ajuda, por consolo, por uma cura…
E sempre tem esperança, uma esperança infinita por um futuro livre de drogas… tem esperança, que durante o sono agitado, consiga encontrar uma forma de sair deste pesadelo…
Fonte: Drogas. Um mundo obscuro
Biblioteca Cruz Azul no Brasil